quinta-feira, 17 de outubro de 2013

“Sem pai, sem eira e nem beira”



A palavra “PAI” não tem nenhuma referência pra mim. Não sei o que significa ou o que ela representa. Talvez seja exagero da minha parte começar falando dessa forma. Meu sentimento é verdadeiro e a primeira coisa que penso quando vou escrever é que, tem que ser genuíno e verdadeiro! Não tenho a pretensão de ser emotivo ou coisa do tipo. Minha intenção é tentar desvendar o emaranhado que envolveu minha vida durante muitos e muitos anos. Esse é o motivo maior que me leva a descrever meus sentimentos e entendimento...
Tentei em vão por longos anos, justificar o que a falta da figura paterna, havia provocado em mim. Era uma busca absurda, imaginando que, buscar a resposta, me faria ser diferente do que eu era. O sentimento era confuso. Não tinha referências, como já disse. Mas era uma busca e eu fiz dela meu objetivo, em vão! Porque não cheguei a nenhuma resposta conclusiva! Mas fazendo um contraponto com tudo isso, preciso contar minha história nua e crua. Daí minha primeira recordação da figura paterna, me remete ao meu tio Beto!
Ele foi o quinto de dez irmãos, depois dele, veio minha mãe a primeira mulher. Lembro-me que foi ele quem me deu o primeiro presente de natal, um caminhãozinho! E que felicidade seu gesto me trouxe. Me lembro da figura dele, porque ele era presente o tempo todo! Na medida em que eu ia crescendo e entendendo a constituição de uma família, ficava visível pra mim o que ele representava.
Antes preciso falar do meu sentimento para com minha mãe; porque os sentimentos se misturavam, já que pra mim ela foi mãe e pai durante sua existência. Quando a família de nordestinos migrou para São Paulo, minha mãe e meus tios precisaram trabalhar para sustentar a todos; então quem cuidava de nós era minha “avó Chica”. Eu era mais apegado a ela e demorei algum tempo para chamar minha mãe de mãe. Depois disso, quando minha mãe percebeu que havia algo errado nessa criação, me trouxe para mais perto dela, levando-me de tira-colo por onde quer que fosse. Nessa época eu já sabia que faltava um pai, coisa que eu nunca havia tido antes;
mesmo que ninguém falasse sobre o assunto. Só sentia intimamente! Percebendo isso, minha mãe fez inúmeras tentativas para me dar um pai. Lembro-me de todos os pretendentes. Alguns até que se esforçaram outros nem fizeram questão, só estavam a fim de se lambuzarem. Devido a minha infantilidade e medo a maioria eu dava um jeito de rejeitar. Por isso, hoje posso dizer que foi muito confuso para mim. Sentia falta de um pai e quando havia a possibilidade, eu os afugentava! Em meio a tudo isso, a figura do meu tio Beto se destacava. Sempre auxiliando, brincando, ajudando e dando exemplo. Ele casou e continuou o mesmo, eu diria melhor, foi tendo seus filhos e não se esqueceu de nós; porque ele não foi só o meu exemplo de pai; ele foi pra mim e para meus primos também! Meu tio Beto sempre foi diferenciado em tudo! Enquanto os outros eram mais individuais, ele olhava por todos nós! Anos depois seguiu seu caminho e foi criar sua família lá na Bahia. Senti muito a falta que ele fazia.
Quando fiquei independente, saí pelo mundo. Na medida em que fazia amigos, me aproximava dos pais deles na tentativa de entender como eram os relacionamentos deles. Aprendi muito com isso. Descobri que independente da cultura, da classe social, de qualquer coisa e da relação que havia entre eles, cada pai tinha seu valor e seu demérito. Não havia pai perfeito ou modelo para nenhum deles e a grande maioria lidava com o pai que tinha. Pelo menos tinham a presença, mesmo que indiretamente! Conheci muitos pais de meus amigos que eram do “tipo paizão”, daqueles que dá vontade da gente ficar abraçado e não largar mais. Um em especial tenho muito carinho: vamos chamá-lo de “Seu Julio”. Pai de meu amigo “Lino” e de outros três belos rapazes, todos bem criados e alimentados, cursavam faculdade, moravam na vila mariana, bairro classe média de São Paulo. “Seu Julio” era descendente de espanhol, tipo mediano, troncudo, cabelos pretos lisos, um olhar penetrante e um sorriso largo de gente boa. Os filhos saíram verdadeiras obras de arte. Todos moldados, um mais lindo que o outro. Fruto da mistura de espanhóis com portugueses, por parte de mãe. Muitas vezes ia almoçar com eles aos domingos e me sentia especial por participar daquele banquete em família. Dava pra notar a coesão que havia! Por exemplo; dormiam todos no mesmo quarto em dois beliches, compartilhavam o mesmo guarda-roupa e alguns até as mesmas roupas. Só não dividiam os perfumes, cada um tinha o seu. Eu achava aquilo tudo o máximo! Vocês devem estar pensando: família perfeita! Nada disso, cada filho tinha seus problemas e muitas vezes me confidenciavam seus medos. E eu cá com meus botões pensava, “como pode né, uma família tão bonita, bem resolvida financeiramente, com um paizão daqueles, ter tantos problemas?”. E foram muitos os exemplos que DEUS me proporcionou, me mostrando que muitas vezes a ausência de um pai, não se faz apenas fisicamente!
E fui crescendo, me tornando adulto e cada vez mais responsável pelos meus erros e acertos.  Com o passar do tempo, a falta de um pai deixou de ser minha busca, já nem importava mais e assim é até hoje! Não conheci e nem vou conhecer meu pai! Ele já não existe dentro de mim!

Falo isso de forma natural e tranqüila. Nunca precisei de ninguém pra chegar até aqui. Nunca passei por cima de ninguém! O que aprendi foi com os exemplos dos outros. E nisso sou grato pelas pessoas que conheci, pelos filhos e por seus pais. Principalmente por meu tio Beto, que continua firme e forte, hoje morando na terra do forró, na cidade de Macaúbas no interior da Bahia. Criou três belos filhos, todos casados, que lhe deram belos netos. Na última vez que nos vimos ele me recebeu em sua bela casa. Eu e meu companheiro Meloso. Fez questão de nos colocar em um quarto exclusivo só pra nós. Tratou-nos com tanta gentileza e carinho, que nos proporcionou um dos melhores momentos de nossas vidas! Tio Beto é desses homens que toda mulher gostaria de ter, pai carinhoso, homem responsável, gosta de cozinhar, sabe cuidar de uma casa, melhor que muitas mulheres, bonachão sempre de bom humor, por isso que minha tia Cida, esperta que é, está com ele até hoje, pertinho das “bodas de ouro”! Vida longa ao meu tio Beto!
Claro que sou grato a minha mãe, por ter me ensinado a ser a pessoa que sou! Só lamento por ela nunca ter encontrado o homem que a fizesse feliz, mas isso é uma outra história!
Sou muito grato a DEUS, que é TUDO pra mim, mesmo sem muitas vezes saber entender “como” ELE é meu PAI! Só sei que “ELE é o meu verdadeiro PAI”!!!

Resumindo: tive e tenho amigos com seus respectivos pais, de todas as formas e gêneros. Continuo me apegando a eles, mas sem mais querer buscar exemplos neles. Vejo muitas vezes a história se repetir e daí me vêm uma certeza: cada relacionamento tem sua base, sua raiz e os fatores que permearão suas vidas, por muitos e muitos anos!!!



quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Respeito no Esporte

Sempre gostei de esportes. 
Foi através do esporte que eu me senti pela primeira vez fazendo parte de algo!
Uma sensação indescritível de ser importante, praticando algo que todos admiravam...
Meu sonho era poder unir todos!!
Com o passar do tempo, o esporte foi perdendo sua magia e alegria!
Este vídeo me remete aos bons tempos em que os seres humanos se respeitavam!!
Não acredito que isso voltará a acontecer um dia!!!



https://www.facebook.com/photo.php?v=558350224219133&set=vb.528452780542211&type=2&theater

domingo, 6 de outubro de 2013

Revendo o passado pra enfrentar o futuro!

Hello Everybody... I'm Back to Blogsville!!!
Foram 23 dias repletos de alegrias, acolhimento, compartilhamento, confissões, reencontros e definições! Sim... Como valeu a pena sair um pouco dessa atmosfera que me cercava, mudar os ares e dar novo rumo a minha vida!
Viajar é bom demais e rever amigos que você não via há 30 anos então...Como vocês podem ver nesta foto onde reencontrei amigos verdadeiros e foi momento mágico que ficará guardado para sempre....

Não existe nada melhor neste mundo!! 
Mas a volta é sempre complicada, sentimentos misturados, emoções explodindo a todo o momento e um choro incontrolável!
A alma agradecida inundada por sensações de paz e realização!


A certeza que fica é que faço parte de uma grande família muito maior do que eu imaginava. Novas perspectivas à vista!!!  

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Um até breve!!!!

Resolvi compartilhar o que está acontecendo no momento em minha vida. Alguns já sabem que estou com 52 anos! Há 02 anos, assumi o risco de mudar radicalmente de vida, saindo de São Paulo e vindo para Indaiatuba (no interior). Continuei trabalhando na mesma área, a hotelaria. Sai da loucura da metrópole em busca da tranquilidade do interior; no começo era exatamente o que eu imaginava. Cidade pacata, ruas retas, calmas e tranquilas; povo educado que te cumprimenta na rua; transito sem semáforos nas ruas; comercio que fecha na hora do almoço e por ai vai...
Voltei pra faculdade, comecei a fazer R.H. e a vida seguia seu ritmo...

Pouco a pouco, o encantamento inicial foi diminuindo. A medida que os meses foram passando, percebi uma certa dissimulação por parte dos colegas de trabalho. Tirei de letra, afinal percebia que meu gerente confiava no meu trabalho, mesmo sem ele nunca ter me elogiado, nem dado nenhum feedback! Fiz o impossível pra conquistar a confiança de todos, em vão! Constatei que o povo do interior, com seu jeitinho de que está tudo bem, esconde a verdade. Se fazem de sonsos! Como meu objetivo sempre foi claro, todos sabiam que eu tinha vindo da cidade grande para galgar um cargo melhor.
O projeto inicial do Hotel era a construção de outro muito maior, com o dobro de quartos. A concorrência ocorria de forma velada. Pela frente ninguém admitia que queria a vaga, mas nos bastidores, cascavel engolia jararaca! 
De minha parte, trabalhei duro, não faltava nenhum dia, fazia extras sempre que a empresa necessitava, me colocava á disposição até para fazer outras atividades gratuitamente.
Não adiantou. A coisa começou a ficar clara; quando meu gerente contratou uma pessoa de fora, para um cargo que ainda nem existia. Essa pessoa entrou mandando e desmandando, sem conquistar ninguém e provocando antipatia de todos! Não bati de frente, fiquei na minha! Até o dia em que o dito cujo resolveu me enquadrar, impondo regras absurdas e quem não as executasse seria penalizado!
Fui reclamar com meu gerente, que não sei porque cargas d'água, disse-me que eu estava querendo ser mandado embora. E pior, se eu quisesse sair, teria que pedir demissão, pois ele, não iria me mandar embora! Achei um absurdo e tentei argumentar. A partir daquele dia, tudo mudou para o meu lado. Nem bom dia meu gerente me dava mais! O clima era péssimo. A falta de postura ética dele, aliada a inexperiência e com pinceladas de arrogância, o tornaram um ditador patético e idiota!
O ápice aconteceu quando eu fui falar com ele sobre o "bônus de incentivo" que ele mesmo havia prometido, meses antes. Na minha cara, disse-me que eu só exigia da empresa e não fazia por onde demonstrar minhas habilidades e consequentemente ganhar pelo meu desempenho! Retruquei e abri o verbo. Falei que o problema do hotel era ele, etc... Ele quis me dar uma advertência e  eu não aceitei, pedi a presença do dono do hotel. No dia seguinte conversei pessoalmente e sozinho com o dono do hotel, que nem se deu ao trabalho de me ouvir. De cara, me disse que confiava plenamente no profissionalismo do gerente e que deveria reconhecer que estava errado! NÃO ACEITEI E FUI DEMITIDO
da forma mais bisonha possível, sendo alegado o motivo de que tinha opinião divergente do gerente! Recebi todos os meus direitos, mas confesso que fiquei extremamente decepcionado. Pra não falar revoltado! Bom, depois de ouvir algumas pessoas próximas, entendi que não era pra ser aqui neste momento, nesta cidade, neste espaço de tempo! A vida continua. Sigo meu caminho e vou em frente! Decidi que não ficarei mais aqui em Indaiatuba. Não sei para onde ir, só sei que vou tirar alguns dias pra "observar melhor os sinais", como diz um amigo do sul! Então me ausentarei alguns dias daqui do blogsville... não estarei conectado, mas entrarei eventualmente quando tiver oportunidade. Vou ficar alguns dias na minha terrinha querida, rever parentes e amigos distantes... sei que dias melhores virão! Grande beijo a todos e até breve!

sábado, 7 de setembro de 2013

A MEDIDA CERTA - Monólogo de um pinto!!

Se hoje me perguntassem qual parte do meu corpo eu mudaria, responderia sem pestanejar: o pinto! Sim, isso mesmo apesar de atualmente desempenhar bem meu papel na banda, rsrsrs não me sinto satisfeito com meu instrumento. Passei muitos perrengues por causa dele. Ficamos muitos anos em conflitos. Já me deixou na mão em algumas situações, me decepcionou em outras, justamente pela insegurança que me proporcionava. Por vezes me deixou deprimido, mas pelo que me lembro, nem sempre foi assim. Em princípio tínhamos uma boa convivência. Quando o conheci de fato, peguei nele e vi que era uma coisa boa, tinha boas intenções e nos dávamos bem. Talvez porque eu fosse inocente demais e nem sabia ao certo, quais eram verdadeiramente suas ações e intenções. Bom, mas o que aconteceu que degringolou essa relação? Nasci com a pele (prepúcio) cobrindo totalmente a parte da cabeça do pênis (a famosa glande).
Nisso dou os parabéns aos judeus que fazem a cirurgia, retirando o excesso dessa pele, logo que os bebês nascem; a tal “circuncisão”! Sábios judeus! Pena que não nasci lá, assim não teria que passar pelo que passei... Sentia desconforto quando urinava, doía muito quando ficava ereto e incomodava bastante. Com 11 anos me sentia feliz com o tamanho dele! Foi quando minha mãe me levou ao médico e decidiu que eu deveria fazer a tal cirurgia, entrei em pânico. Não tinha noção do que iria acontecer. Por falta de informação e também por negligência médica, o resultado foi desastroso. O primeiro pensamento logo que o vi foi o seguinte: diminuíram meu pinto. Pronto! Estava feito a tragédia! Aquilo foi determinante para o resto da minha vida.
A partir daquele instante tudo mudou, ficava com vergonha e sofria calado, não conversava com minha mãe sobre o assunto e me isolava. Na escola evitava urinar junto com os outros moleques instintivamente. Meu trauma aumentou quando fui estudar na Escola de Marinheiros, aos 16 anos. Quando lá cheguei, logo no primeiro dia, após ser hospedado nos dormitórios, tive que tomar banho com outros 150 alunos/recrutas. Todos juntos em um único imenso banheiro, com dezenas de duchas. Suei frio e passei maus bocados. Não existia nenhuma privacidade, toda vez disfarçava e procurava ficar sempre por último, quando a maioria já havia tomado banho.
Esse martírio durou longos meses de incertezas e algumas situações vexatórias. Como por exemplo, na minha primeira experiência sexual com uma mulher, profissional do sexo experiente que era; não teve nenhuma paciência comigo, quando meu "famigerado" não demonstrava nenhum interesse por ela! Após um 01 ano dessa experiência frustrante iniciou o que chamaria de "a saga de uma insatisfação"... Trilhei por caminhos sem fronteiras, busquei todas as experiências possíveis. E nada melhor que a experiência pra mostrar o quanto erramos em nossos conceitos pré-fabricados. Encontrei todos os tamanhos, nos mais variados tipos físicos e para minha surpresa, tive desempenho satisfatório. Aproveitei cada oportunidade como um laboratório, procurando encontrar o remédio para meu dissabor! Nunca compartilhei esse assunto com ninguém, não foi preciso. Com o passar do tempo, fui entendendo que cada um faz sua própria cama, se é que me entendem. Há espaço para todos os tamanhos, cores e diâmetros. Não me incomodava mais o fato de não ser avantajado como eu gostaria; descobri que meu desejo não é único e povoa a mente da maioria dos machos, independente do tamanho do seu membro. A verdade que eu quero dizer é: tive meus relacionamentos com caras normais, alguns até bem dotados que não reclamaram do tamanho do meu. Nunca ocorreu nenhuma situação que não se completasse por causa disso! No entanto aquele "trauma do passado" continuava escondido dentro da minha mente e ainda teima em me apontar o dedo. Hoje bem menos incomodo graças ao meu fiel companheiro, o Meloso. Desde início do nosso relacionamento, senti segurança nele que sempre elogiava todo meu corpo. Eu adorava o modo natural e espontâneo como ele me admirava fisicamente.
Cativou-me por completo. Com o passar dos anos, descobri a nobreza do seu sentimento e da sua atração por mim, a ponto de me abrir com ele e contar todos os "meus temores do passado". Sua reação positiva foi como um antídoto que funciona até hoje. Ele que tem o membro mais perfeito que já vi, me ensinou que tamanho não é atestado de felicidade! Bom, isso é a mais pura verdade, mesmo assim só pra enxotar de vez a "neura", ainda me vejo olhando no espelho e pensando: "mas bem que uma cirurgia pra aumentar o tamanho do "garoto" não seria nada mal!” hahahahahahahaha...Mas isso é uma outra história...

sábado, 31 de agosto de 2013

Profeta de Ilusões

Em se tratando de religião, as primeiras lembranças não são claras. Tenho recordações de minha vó Chica, que era chegada num candomblé ou umbanda, nunca soube diferenciar. Fazia questão de levar toda família no “terreiro”. Só sei que não era uma sensação boa. Sempre era à noite e era uma gente estranha fazendo coisas esquisitas. Me incomodava o barulho e os gritos, nem sei explicar o motivo desse incomodo; não entendia nada, simplesmente não gostava! Isso durou pouco e depois não houve mais “tentativa religiosa” naquela época. Por outro lado, minha mãe não seguia nenhuma religião. Falava sempre em Deus, mas nunca me apresentou a Ele, até então!

Sabia que eu não era pagão, pois tinha uma madrinha, conheci ainda criança, chamava-se Terezinha e morava em Cubatão/SP. Toda vez que íamos visitá-la, fazia doces e bolos gostosos só para me agradar, o que me deixava mais mimado ainda! As viagens de trem descendo a serra do mar eram inesquecíveis. A paisagem, o barulho na estação, os sons da “Maria fumaça”, das pessoas, era uma aventura deliciosa! Talvez venha daí meu desejo de viajar. Aquela sensação de liberdade! E foi ela que sempre permeou minha vida. Eu não sabia o quê ou quem era Deus, sabia que existia uma sensação de liberdade! 

Recordo-me, ainda jovem, passava horas diante do mar, tentando entender os por quês da vida. Olhando aquela imensidão nunca tive resposta; mas só pelo fato de estar ali, refletindo e pensando; já me dava grande alívio!
Então sempre me acompanhava o sentimento de querer “buscar respostas”, saber a razão das coisas, descobrir qual a chave “pra entrar em sintonia com o universo”. Eu queria entender porque era diferente dos outros meninos, porque tinha um gosto diferente e porque me sentia assim... Inúmeras vezes durante minha vida, nos momentos de crise, eu me refugiava diante do mar.
A primeira vez que eu fui apresentado a Deus, foi em Macaúbas/Ba, ao fazer parte do grupo de jovens da Igreja Católica. Explico que “fazer parte” era algo prático, estava no dia a dia das pessoas com as quais eu convivia. Pela primeira vez eu estava inserido em um grupo e era bastante enriquecedor. Significa pertencer, participar, estar junto. Foi assim que eu comecei a “entender as coisas” sobre DEUS! Com aquela gente humilde dos lugares longínquos, que demonstravam sua alegria pela nossa presença e nos retribuíam com o que tinham de melhor; no compromisso daqueles jovens em levar palavras de carinho e alimentos para aquelas pessoas que nem conheciam! Foi assim que o Amor de DEUS entrou na minha vida!
Só que ainda faltava muito para entender o que isso significava para mim. Esse “Amor” criou uma raiz em mim que precisava ser regada e alimentada. Busquei-o em diversos momentos e circunstancias. Freqüentei Hare Krishna, Seicho No Ie, Grupos Espíritas Kardecistas, enfim... Uma infinidade de crenças!
Anos mais tarde, morando em Salvador, visitando uma cliente do banco em que eu trabalhava, apresentou-me de forma ilustrativa a um cara chamado “Jesus”, eu já tinha ouvido falar nele, mas não com tanta propriedade! Aquela garota tinha luz até no nome e falava com tanta empolgação que me chamou a atenção. Dias depois em seu escritório, insistiu que eu fizesse uma oração e entregasse minha vida pra Jesus! Ajoelhamos-nos e eu repetia as frases que ela dizia. Não me lembro exatamente o que significava, mas lembro de ter impactado minha cabeça. Bom, minha vida não mudou nada! Eu continuei sentindo o mesmo vazio e experimentando muitas situações negativas chegando a presenciar “o cheiro da morte”!
Em meio a tudo isso, retornei para São Paulo e lá fui convidado
por minha tia Madá, a conhecer um grupo de esportistas. Ela sabia que eu gostava de jogar bola e então me levou para conhecer os “Atletas de Cristo”, na época fazia muito sucesso. Havia o Silas e o Miller (jogadores de futebol), dentre outros. Também conheci o Alex Dias Ribeiro (corredor de Formula 1) que me contou a história da bíblia sobre a “salvação” para todas as pessoas! Na segunda reunião, tive a convicção de que queria receber aquele “JESUS” tão real, vivo e amigo! 
Como se uma luz invadisse todo o meu ser, uma sensação de alívio, de paz e tranqüilidade. Todas as minhas dúvidas se dissiparam naquele momento e nos outros subseqüentes. Freqüentei a Igreja Batista do Morumbi, uma igreja muito “chique”, freqüentada por famosos e gente rica. Era bonito ver aquela mistura de classes sociais, pois tinha gente pobre também! Aprendi muito com todos! Me batizei e comecei a fazer Faculdade de Teologia. Foram os melhores anos de minha vida, sem dúvida alguma! Foram 02 anos em total harmonia com tudo e com todos. Não sentia necessidade de sexo, nem me masturbava, duas coisas em que era viciado! Meu alimento era espiritual, me fortalecia dia a dia. Participava de grandes eventos, conhecia outras denominações, acompanhava grupos musicais, freqüentava círculos de amizades onde experimentava amor fraterno genuíno.
Até que as tentações vieram e em dobro! Dúvidas e incertezas povoaram minha mente. Nessa época eu fazia curso preparatório para me tornar missionário, namorava uma "varoa" e até pretendia me casar. Só que num momento de luz desisti da igreja. Mas nunca de DEUS. Que eu já conhecia muito bem! ELE se manteve sempre do meu lado, apoiando, dando forças pra continuar a difícil caminhada da vida. Até hoje se mantém fiel com seu AMOR INCONDICIONAL! Posso dizer que não faço apologia a nenhuma religião, conheço e tenho grandes amigos que freqüentam, participam e se envolvem com diferentes igrejas e religiões. Não defendo nenhuma! Cada um sabe de si e de sua crença. Eu prefiro ficar com DEUS somente, digo e sinto que estou em paz com o Universo! Não pratico nenhuma religião, não me identifico com cerimoniais, rituais, dogmas e homilias, nunca me identifiquei.
Somos seres espirituais e cada um tem sua identificação com DEUS do jeito e da maneira que ELE entende o que você quer dizer ou fazer. DEUS me conhece intimamente melhor do que eu mesmo. Não há uma regra que molde nosso relacionamento! Respeito, admiro e converso com ELE em todos os momentos possíveis. Tem dias que não quero papo e tem dias que não saio do pé DELE! Hoje me vejo como espiritualista e ultimamente me sinto atraído por experiências espíritas mas isso é uma outra história...

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Desabafo nosso de cada dia!! (por Tato Lemos)

Um brilhante desabafo de um baiano sobre o carnaval da Bahia...
Quando eu deixei o interior e resolvi morar em Salvador,coincidente foi durante o carnaval.
Trazia os bolsos vazios, e um monte de esperanças. 
E pela primeira vez tive contato com a folia.
O som do trio ensurdecedor,apesar da qualidade das musicas.
O amigo Armandinho que até então só o conhecia através dos discos,e TVs,
Seu Morais Moreira balançando a praça,e o pombo correio naquele momento,
me transportou para o meu interior.
Ali, eu estava sozinho no meio de milhões de pessoas.Muito estranho,não é mesmo?
Em um momento de reflexão,eu só queria saber de onde vinha tanta alegria daquelas pessoas.
A energia contagiante das criaturas, me fez entender o poder da alegria.
O sucesso de um carnaval,esta dentro de cada pessoinha que se manifesta.Naquele dia,
eu estava triste,e rezei para o carnaval acabar...
Você vai ficar frustrado porque Daniela vai tirar o camarote?
Eu Não...Acho um absurdo empresa privada fazer chantagem,para tirar o Dinheiro publico.
Um camarote de compensado que custa (sete milhões) é no mínimo um egoísmo estúpido.
Convidados Globais,pagos para desfilar a falsa alegria,
e assim vão fazendo o marketing da futilidade.
O universo não pode conspirar eternamente com essas imbecilidades por todo tempo.
As leis dos homens são vulneráveis e nem sempre correspondem aos fatos.
Mais a lei do supremo universo,
Nós dá a possibilidade de refletir,e compreender o tamanho da nossa ganancia 
em relação ao Dinheiro.
Que amanhã,um monte de insensíveis não saiam em defesa dos gastos públicos,
para pagar as contas da luxuria
Que na quarta feira vira cinzas...7 milhões,é muito dinheiro para um país que pessoas 
morrem por falta de remédio.
É muita grana para quem trabalha nas fazendas vendendo o suor diário,para alimentar as fartas mesas dos egoístas das cidades.
Que se dane os camarotes e suas cordas.Que se lasque as estruturas das elites burras.
Carnaval só precisa da alegria interior do folião,
E do artista comprometido em alimentar essa alegria.O resto é como eu disse.
NA QUARTA FEIRA VIRA CINZAS.
Naquele triste carnaval da minha vida,
Eu me lembro quando Luis Caldas cantou.(é o frevo é o trio é o povo,é o povo é o frevo é o trio.)
Não sou dono da verdade,mais é assim que eu penso.
(Tato Lemos).


domingo, 25 de agosto de 2013

Gia Marie Carangi (Fama e Destruição) 1961 - 1986





Assisti este filme e me deixou bastante tocado e por que não dizer chocado... a verdadeira história de uma moça típica do interior (E.U.A), que se transforma numa "top model" internacional. O filme é narrado por parentes e amigos que conviveram com ela; e também pelas informações contidas em seu diário. Sua carreira meteórica tem todos os temperos para tornar sua vida marcante. Infelizmente de forma trágica. Acredito que ela não tinha estrutura para superar os dissabores da vida, a solidão, os dilemas...
Mas sempre a gente é levado a olhar para as raízes de casa um... ela não teve uma base firme; a mãe pulava a cerca e brigava com o pai, que era uma mosca morta. O resultado é que os pais se separam e ela (Gia) sente-se órfã  por ser muito ligada a mãe. Mesmo assim o destino segue tentando mostrar que havia uma solução... no entanto, as pedras no caminho de Gia a fizeram tropeçar e cair várias vezes, até que ela não conseguiu se levantar mais. Lamentavelmente!

O filme é tocante, profundo, nu e crú, sem retoques... vale a pena ser visto!!!
A cena final é de cortar o coração, onde ela recita o seguinte trecho:
"Vida e morte, energia e paz, se eu parar hoje, ainda assim teria valido a pena! Mesmo os erros terríveis que cometi, eu teria desfeito se pudesse. As dores que me queimaram e marcaram minha alma, valeram a pena! Por terem me permitido andar por onde andei; que foi o inferno na terra, o céu na terra. E de volta, por baixo, longe e entre um e outro. Através, por dentro e por cima deles!"

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O Filhinho da Mamãe

Sem dúvidas, um texto muito difícil de escrever. Não consegui contar um pouco a história de minha mãe, sem deixar de falar da minha história também. Elas se fundem! Apreciem e comentem...
 As primeiras lembranças que tenho, datam de um tempo em que eu nem sabia que ela era minha mãe. Não sei explicar. Quando toda família veio em peso pra São Paulo, na década de 70, liderados por minha mãe; eu e meu irmão éramos cuidados por minha vovó Chica, enquanto minha mãe ia trabalhar! Não sei se isso nos distanciou, já que não tinha pai... Lembro-me pouco de minha mãe, naquela época eu devia ter uns 04 anos . O mais gozado é que eu e meu irmão chamávamos nossa vó de mãe e nossa mãe pelo apelido dela: “Dina”!
A história dela foi a seguinte: Era a quinta filha, a única mulher de cinco irmãos. Desde cedo sofreu sendo criada por uma mãe autoritária e severa, em uma época em que mulher não tinha direito a nada. Herdou da família, o gênio forte, a raça, o orgulho e o destemor! Desbravadora, gostava de arriscar e descobrir coisas novas. 
Tinha uma pele parda, cabelos pretos bem lisos, sorriso farto e dentes perfeitos. Acredito que era uma mistura de índio com negro, por causa dos descendentes de vovó. Não tenho fotos de sua juventude. Já mocinha era sonhadora e demonstrava bom gosto, usando aqueles vestidos rodados da época. 
Conta minha vó, que ela era muito assediada pelos rapazes da época, mas meus tios não deixavam que qualquer um se aproximasse. Então, eu fico imaginando, como deve ter sido difícil para ela, criada por uma mãe tão castradora e por irmãos, tão repressores, eu diria...
O fato é que, em sua primeira viagem a S.Paulo, vigiada e cercada pelos tios Colá, Dezinho e Beto; ela é cortejada por um amigo deles, que aprovaram o namoro. Em pouco tempo, se casou com a ilusão de que conseguiria a sonhada liberdade. O resultado infelizmente foi um casamento desastroso. Foi traída e abandonada com um menino de colo, meu irmão. Retornou para a cidade de Macaúbas, interior da Bahia onde tentou recomeçar sua trajetória. 
Quatro anos depois, conheceu um trabalhador, retirante de outra cidade, que veio pavimentar as ruas; com quem teve um “caso amoroso”. Só que desta vez foi pior, não casou e foi abandonada novamente com uma criança no ventre. Para não ficar difamada, mudou para a cidade vizinha, Boquira, onde teve um menino “alvinho da bunda vermelha”, totalmente diferente de todos os outros membros “cafuzos” da família: “Euzinho”.  
Em seguida teve um romance com um engenheiro de mineração, com o apelido de “Chileno”, não por acaso ele mesmo era do Chile. Devido aos grandes minérios, a cidade recebia estrangeiros grande parte oriundos da America do Sul.
Muitos pensavam que esse “Chileno” era o meu pai, por causa da cor branca. Ele chegou a propor para minha mãe que fosse morar com ele no Chile, mas que deixasse a criança aqui. Ela intempestivamente recusou e o abandonou. Confesso que, toda vez que ouvia esse fato, contado por minha vó, ficava com raiva de minha mãe; deve ter sido a primeira grande burrada que ela fez!
O começo em S.Paulo, eu crescia e recebia atenção de minha vó e do meu tio Beto, especificamente. Lembro-me que foi ele quem me deu o primeiro carrinho.  Eu e meu irmão recebemos o mesmo carinho e atenção. Não sei se por ter sido criado pela minha vó, não chamamos nossa mãe de mãe. È claro que ela sofreu calada. Minha vó me orientava a fazê-lo, mas só aconteceu quando eu tinha 08 anos. Já meu irmão, nunca a reconheceu como mãe. Revoltado ele se enveredou por um caminho tortuoso de rebeldia, fazendo minha mãe sofrer muito. Tempos difíceis: de reclamações na escola, dos vizinhos, furtos, internações em reformatórios, fugas, surras, roubos, prisão e morte.
Acompanhei tudo isso, vendo o sofrimento dela, sendo seu fiel escudeiro, tentando ser o oposto do meu irmão. 
Lembro-me de muitos pretendentes a “papai”, mas nenhum aprovado para o cargo. Na semana em que completaria 09 anos, pisei em um prego e furei o pé. Tomei vacina e comemorei sentado na mesa, comendo bolo de chocolate, preparado por minha mãe. Que na época namorava um pernambucano alto, forte, belo e educado. Torcia para que ela ficasse com ele. Mas ele não me queria por perto e mais uma vez, ela se decidiu por mim, cometendo seu segundo erro. Coitada, fez inúmeras tentativas para me dar um pai e todas fracassaram, vai entender as coisas do destino. Contrapondo com tudo isso, ela arrasava nos doces e salgados. Cozinheira de mão cheia aprendeu tudo sozinha, pois não sabia ler nem escrever.  Aprendeu vendo os outros fazerem ou assistindo pela televisão! 
 Posso dizer que nunca faltaram guloseimas e gostosuras em casa, apesar do dinheiro raro e curto! Nunca senti falta de comida e educação. Seu cuidado para comigo era irritante! Tinha medo que eu seguisse o mesmo caminho do meu irmão. Em virtude disso, recebia atenção dobrada, cuidados excessivos. Mimado, reservado, não brincava com os outros meninos na rua. Ficava sempre preso na barra de sua saia, seguro num “cabresto invisível”. Fazia de tudo para que eu estudasse, me formasse e fosse alguém na vida.  Minhas funções eram: cuidar da casa e estudar. Depois passei a acompanha-la indo para o trabalho. Sua vida toda foi isso, trabalhar, “faxinar”, cozinhar. Nunca a vi com amigas ou recebendo visitas em casa. Era fechada, como se não tivesse mais alegria para conviver ou compartilhar sua vida, com outras pessoas. Estava sempre querendo fazer algo pela família. 
 Minha família sempre foi estranha nas relações, briguenta e distante. Só nos reuníamos em data especificas e nas festivas, mamãe sempre fazia o prato principal e a sobremesa.  Essa cena resume bem o que foi minha mãe, trabalhar e cozinhar foram seus lemas. Além de se preocupar comigo!
Entre preocupações, cuidados e inseguranças, ela, orientada por uma “grande patroa e amiga” decidiu me colocar na “Marinha”, quando eu tinha 16 anos. Foi nossa primeira separação, eu achava que seria bom, foi muito pior. Colocado em um quartel com mais de 300 meninos, foram inúmeras sensações de vazio, insegurança e temores. Não aguentei e quase 01 ano depois, pedi para ser dispensado, provocando a primeira grande decepção para minha mãe. 
Ao retornar, o mundo já tinha outra imagem dentro de mim. Não me sentia bem morando com minha mãe e surgiram as primeiras grandes discussões. Eu tinha vergonha por ela não saber ler, nem escrever. Brigávamos muito por isso. Diversas vezes tentei ajudá-la. Comprei um caderno de caligrafia, sentamos juntos, líamos juntos, procurava de alguma forma ajudar, sem saber ao certo o que fazer! No ano seguinte tive que me alistar no “Exército” e acabei servindo. Foram 09 meses de revoltas, desacatos, infrações, punições e finalmente quando fui expulso, causei a segunda grande decepção em minha mãe.
Confuso e perdido, decidimos que seria melhor que eu fosse tentar me encontrar em outra cidade. Então com 20 anos, me separei de minha mãe pela segunda vez.
Essa foi a grande virada em minha vida. Ficamos longe um do outro durante 03 anos, quando ela descobriu que eu estava morando com outro homem. Pra ela era inadmissível. Saiu de S.Paulo e chegou de surpresa em Salvador e ficamos morando juntos por 03 meses. Ela fazia bolos e vendia na Lanchonete da esquina!  Eu trabalhava no Bradesco e pedi transferência para a cidade de Vitória da Conquista, aluguei uma casa e moramos lá durante 09 meses. Tentamos uma nova empreitava em Conquista; trabalhava no banco, jogava bola com meus colegas e namorava garotas. A vida seguia "normal" até ela descobrir que eu estava fumando maconha e andando com “más companhias”. Foi a terceira separação. Desta vez mais longa, ficamos 04 anos sem nos falar! Nesse tempo todo, eu mandava pouco dinheiro para ela, que se virava sozinha, trabalhando, de faxineira e cozinheira!
Retornei com 27 anos, com uma grande vontade de “mudar nossa história”, passando por problemas existenciais, me encontrei em uma igreja evangélica. Isso causou resistências  por parte de minha mãe, que sempre foi agnóstica.
Nossa reaproximação foi cheia de ressentimentos, mágoas e doenças. Já cansada e sofrida, recebeu diagnóstico de “câncer”; ficamos “sem chão”, sem preparo e nenhuma informação, lutamos juntos contra a doença. Tempos de perdão, de reconciliação e de verdades. 
Todos os dias ia visitá-la e tentávamos conversar de forma amigável. Tentei recuperar o tempo perdido, mas não consegui, sinto que faltou algo, que poderia ter feito diferente. Numa manhã fria de junho de 1990, com 55 anos, ela faleceu sozinha num leito de hospital. Na época eu tinha 30 anos. Quando cheguei para visitá-la,  vi seu corpo inerte na cama, me aproximei e sua expressão com os olhos abertos, foi a última imagem que ficou gravada em minha mente e senti uma dor tão profunda que até hoje ainda dói, toda vez que penso nela, agora mesmo escrevendo essas mal traçadas linhas. 
O sentimento de culpa, muitas vezes me trouxe pesadelos aprisionantes.
Hoje tento guardar as coisas boas que ela deixou em mim! 
Mas isso... é uma outra história...

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Me chamem de Velho

Resolvi postar este texto porque quando eu fiz 40 anos, comecei a sentir o peso da velhice. Mas hoje depois que passei dos 50, sinto-me totalmente à vontade pra falar sobre o assunto. Alias não poderia estar no melhor momento de minha vida! Não ganhei na loteria, continuo assalariado e não tenho carro... Mas me sinto tão forte espiritualmente e mentalmente! Mais equilibrado, paciente e conservo a mesma criança dentro de mim. 
A velhice sofreu uma cirurgia plástica na linguagem....
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ELIANE BRUM Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e
internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém  Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) O Olho da Rua (Globo).
E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada.
elianebrum@uol.com.br // @brumelianebrum 

Na semana passada, sugeri a uma pessoa próxima que trocasse a palavra “idosas” por “velhas” em um texto. E fui informada de que era impossível, porque as pessoas sobre as quais ela escrevia se recusavam a ser chamadas de “velhas”: só aceitavam ser “idosas”.  Pensei: “roubaram a velhice”.  As palavras escolhidas – e mais ainda as que escapam – dizem muito, como Freud já nos alertou há mais de um século. Se testemunharmos uma epidemia de cirurgias plásticas na tentativa da juventude para sempre (até a morte), é óbvio esperar que a língua seja atingida pela mesma ânsia. Acho que “idoso” é uma palavra “fotoshopada” – ou talvez um lifting completo na palavra “velho”. E saio aqui em defesa do “velho” – a palavra e o ser/estar de um tempo que, se tivermos sorte, chegará para todos.

Desde que a juventude virou não mais uma fase da vida, mas uma vida inteira, temos convivido com essas tentativas de tungar a velhice também no idioma. Vale tudo. Asilo virou casa de repouso, como se isso mudasse o significado do que é estar apartado do mundo. Velhice virou terceira idade e, a pior de todas, “melhor idade”. Tenho anunciado a amigos e familiares que, se alguém me disser, em um futuro não tão distante, que estou na “melhor idade”, vou romper meu pacto pessoal de não violência. O mesmo vale para o primeiro que ousar falar comigo no diminutivo, como se eu tivesse voltado a ser criança. Insuportável.

A velhice é o que é. É o que é para cada um, mas é o que é para todos, também. Ser velho é estar perto da morte. E essa é uma experiência dura, duríssima até, mas também profunda. Negá-la é não só inútil como uma escolha que nos rouba alguma coisa de vital. Semanas atrás, em um programa de TV, o entrevistador me perguntou sobre a morte. E eu disse que queria viver a minha morte. Ele talvez não tenha entendido, porque afirmou: “Você não quer morrer”. E eu insisti na resposta: “Eu quero viver a minha morte”.

Na adolescência, eu acalentava a sincera esperança de que algum vampiro achasse o meu pescoço interessante o suficiente para me garantir a imortalidade. Mas acabei aceitando que vampiros não existem, embora circulem muitos chupadores de sangue por aí. Isso só para dizer que é claro que, se pudesse escolher, eu não morreria. Mas essa é uma obviedade que não nos leva a lugar algum.  Que ninguém quer morrer, todo mundo sabe. Mas negar o inevitável serve apenas para engordar o nosso medo sem que aprendamos nada que valha a pena.
  
A morte tem sido roubada de nós. E tenho tomado providências para que a minha não seja apartada de mim. A vida é incontrolável e posso morrer de repente. Mas há uma chance razoável de que eu morra numa cama e, nesse caso, tudo o que eu espero da medicina é que amenize a minha dor. Cada um sabe do tamanho de sua tragédia, então esse é apenas o meu querer, sem a pretensão de que a minha escolha seja melhor que a dos outros. Mas eu gostaria de estar consciente, sem dor e sem tubos, porque o morrer será minha última experiência vivida. Acharia frustrante perder esse derradeiro conhecimento sobre a existência humana. Minha última chance de ser curiosa.

Há uma bela expressão que precisamos resgatar, cujo autor não consegui localizar: “A morte não é o contrário da vida. A morte é o contrário do nascimento. A vida não tem contrários”. A vida, portanto, inclui a morte. Por que falo da morte aqui nesse texto? Porque a mesma lógica que nos roubou a morte sequestrou a velhice. A velhice nos lembra da proximidade do fim, portanto acharam por bem eliminá-la. Numa sociedade em que a juventude é não uma fase da vida, mas um valor, envelhecer é perder valor.  Os eufemismos são a expressão dessa desvalorização na linguagem.

Não, eu não sou velho. Sou idoso. Não, eu não moro num asilo. Mas numa casa de repouso. Não, eu não estou na velhice. Faço parte da melhor idade. Tenho muito medo dos eufemismos, porque eles soam bem intencionados. São os bonitinhos mas ordinários da língua.  O que fazem é arrancar o conteúdo das letras que expressam a nossa vida. Justo quando as pessoas têm mais experiências e mais o que dizer, a sociedade tenta confiná-las e esvaziá-las também no idioma.

Chamar de idoso aquele que viveu mais é arrancar seus dentes na linguagem. Velho é uma palavra com caninos afiados – idoso é uma palavra banguela. Velho é letra forte. Idoso é fisicamente débil, palavra que diz de um corpo, não de um espírito. Idoso fala de uma condição efêmera, velho reivindica memória acumulada. Idoso pode ser apenas “ido”, aquele que já foi. Velho é – e está.  Alguém vê um Boris Schnaiderman, uma Fernanda Montenegro e até um Fernando Henrique Cardoso como idosos? Ou um Clint Eastwood? Não. Eles são velhos.

Idoso e palavras afins representam a domesticação da velhice pela língua, a domesticação que já se dá no lugar destinado a eles numa sociedade em que, como disse alguém, “nasce-se adolescente e morre-se adolescente”, mesmo que com 90 anos. Idosos são incômodos porque usam fraldas ou precisam de ajuda para andar. Velhos incomodam com suas ideias, mesmo que usem fraldas e precisem de ajuda para andar. Acredita-se que idosos necessitam de recreacionistas. Acredito que velhos desejam as recreacionistas. Idosos morrem de desistência, velhos morrem porque não desistiram de viver.

Basta evocar a literatura para perceber a diferença. Alguém leria um livro chamado “O idoso e o mar”?  Não. Como idoso o pescador não lutaria com aquele peixe. Imagine então essa obra-prima de Guimarães Rosa, do conto “Fita Verde no Cabelo”, submetida ao termo “idoso”: “Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam...”.

Velho é uma conquista. Idoso é uma rendição.

Como em 2012 passei a estar mais perto dos 50 do que dos 40, já começo a ouvir sobre mim mesma um outro tipo de bobagem.  O tal do “espírito jovem”. Envelhecer não é fácil. Longe disso. Ainda estou me acostumando a ser chamado de senhor sem olhar para os lados para descobrir com quem estão falando.  Mas se existe algo bom em envelhecer, como já disse em uma coluna anterior, é o “espírito velho”. Esse é grande.

Vem com toda a trajetória e é cumulativo. Sei muito mais do que sabia antes, o que significa que sei muito menos do que achava que sabia aos 20 e aos 30. Sou consciente de que tudo – fama ou fracasso – é efêmero. Me apavoro bem menos. Não embarco em qualquer papinho mole. Me estatelei de cara no chão um número de vezes suficiente para saber que acabo me levantando. Tento conviver bem com as minhas marcas. Conheço cada vez mais os meus limites e tenho me batido para aceitá-los.

 Continua doendo bastante, mas consigo lidar melhor com as minhas perdas. Troco com mais frequência o drama pelo humor nos “comezinhos do cotidiano”. Mantenho as memórias que me importam e jogo os entulhos fora. Torço para que as pessoas que amo envelheçam porque elas ficam menos vaidosas e mais divertidas. E espero que tenha tempo para envelhecer muito mais o meu espírito, porque ainda sofro à toa e tenho umas “cracas” grudadas à minha alma das quais preciso me livrar porque não me pertencem. Espero chegar aos 80 mais interessante, intenso e engraçado do que sou hoje.

Envelhecer o espírito é engrandecê-lo. Alargá-lo com experiências. Apalpar o tamanho cada vez maior do que não sabemos. Só somos sábios na juventude. Como disse Oscar Wilde, “não sou jovem o suficiente para saber tudo”. Na velhice havemos de ser ignorantes, fascinados pelas dimensões cada vez mais superlativas do que desconhecemos e queremos buscar.  É essa a conquista. Espírito jovem? Nem tentem.

Acho que devíamos nos rebelar. E não permitir que nos roubem nem a velhice nem a morte, não deixar que nos reduzam a palavras bobas, à cosmética da linguagem. Nem consentir que calem o que temos a dizer e a viver nessa fase da vida que, se não chegou, ainda chegará. Pode parecer uma besteira, mas eu cometo minha pequena subversão jamais escrevendo a palavra “idoso”, “terceira idade” e afins. 

(Eliane Brum escreve às segundas-feiras.) 
ELIANE BRUM - 20/02/2012 10h47 - Atualizado em 20/02/2012 10h48

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Visitando familiares!!

Tudo estava preparado pra ser um maravilhoso final de semana. Fiz a bagagem de mão caprichada, levei meus acessórios, pronto para qualquer imprevisto; como todo bom mochileiro! Saímos cedo de casa para evitar imprevistos. Pegamos o "busão" e cumprimos a primeira etapa da viagem de forma rápida e tranquila. Afinal era sabadão e o tempo estava meio morno. Estrada livre e segura! Na segunda etapa a coisa começou com imprevistos. Pegamos o trem com destino à Mogi das Cruzes, onde iríamos visitar minha "afilhada" doutora Barbara Machado! Aspas para falar um tiquinho dessa "guria"! Eu cuidei dela bem "pituquinha" aos 02 anos, depois com 04 e 06 anos, lá no interior da Bahia. Garotinha esperta, de temperamento forte como o pai e geniosa como a mãe. Já dava pra explicar o que viria pela frente: obstinada, decidida e firme! Aquela menininha, passou no "ProUni" e ganhou bolsa de 100% para fazer Medicina numa das melhores universidades do país! Há 05 anos atrás saiu lá do interior da Bahia, pela primeira vez pisou em solo paulista; sozinha e com uma mala que era maior do que ela! E essa menina, hoje uma mulher com 24 anos, mais segura, mais forte, no penúltimo ano de se formar em uma medica promissora neste nosso país tão carente de médicos! Então, eu cheio de orgulho, estou indo visitar minha "quase filha".
Mas vamos aos acontecimentos! Pegamos o trem na estação Tatuapé em direção a Guaianazes, onde teríamos que forçadamente fazer uma baldeação e pegar outro trem direto pra Mogi. O trem começou na maior lentidão e o condutor informa no auto falante que "devido a obras de manutenção na linha, este trem está operando com velocidade reduzida". Pronto, lá se foi nossa pontualidade! Depois de quase uma hora de viagem, chegamos a Guaianazes. Pense numa estação abarrotada de gente! Ninguém sabia informar com exatidão de onde sairia o trem pra Mogi. Pergunta daqui e dali e nada! De repente, vem o aviso da Central: "Por motivos de segurança os trens para Mogi estão operando com intervalos de 40 minutos". Inacreditável!! Sabe o que é pior? É ver toda aquela gente socada nas plataformas e ninguém nem aí com a hora do Brasil; como se nada estivesse acontecendo! Um horror! Não, mas horror mesmo, foi quando o dito cujo chegou e aí meu amigo, pernas pra quem te quer! Um vuco-vuco digno de uma reportagem do "Datena"...Depois de disputar no empurra-empurra com um tiozinho que carregava sua carroça de vendedor, finalmente consegui um lugarzinho ao lado da porta. Achando que ali estaria seguro, pois não havia mais nenhum espaço. Tentei respirar mas não consegui terminar, pois no último instante em que a porta ia fechar, vem corrento um rapaz alto, claro, forte, bem vestido; e se joga com tudo pra cima de mim, praticamente colando seu corpo ao meu! Ainda bem que ele tava cheiroso... Ai minha santinha do pau oco, me segura! Eu não sabia se lutava ou se agarrava o "tal desconhecido"; que com todo cuidado tentava não colar seu corpo ao meu. Coisas de trem lotado, vocês devem imaginar, claro! Bom, nada demais aconteceu; a não ser o fato que segui a viagem toda, espremido como uma sardinha em lata!
Finalmente chegamos vivo em Mogi e encontramos com Barbara, que nos recebeu uma "Bohemia" gelada! Almoçamos, fofocamos, colocamos os papos em dia e tiramos fotos! No retorno, todo aquele sufoco dobrado e com requintes de masoquismo com "crianças sendo amassadas" e "bebês quase esmagados" pela turma enlouquecida daquela gentalha se matando pra conseguir um lugarzinho pra sentar! Oh dó!...
Depois descemos no Tatuapé e pegamos o ônibus pra casa da Juju. Aspas pra falar dessa mulher, guerreira, autossuficiente, dominadora, amiga fiel e parceira!

 Conheci Juliana em 1995, quando fui fazer uma entrevista para telemarketing; foi identificação à primeira vista! Trabalhamos juntos por aproximadamente 06 anos, sempre no telemarketing; até que mudei de área, fui pra hotelaria e ela continuou no telemarketing até recentemente, quando foi demitida do jornal "Folha da Tarde". Encontrei-a nesse clima de demissão, pois eu não sabia do ocorrido. Tínhamos nos falado bem pouco ultimamente; coisas de quem muda pro interior... Mas a Juju sempre foi uma pessoa pra cima e nunca se deixou abater. Conversamos bastante, depois jogamos "tranca" até de madrugada, ao lado de sua mãe e de sua irmã, que são grandes hospitaleiras e excelentes jogadoras. Nos divertimos à beça! Dormimos como anjos, bem aquecidos no quarto de hospedes. Na manhã seguinte quando acordamos, um belo café da manhã nos esperava. Fazia um friozinho, tipicamente paulista. Pegamos estrada novamente, desta vez de metrô até a estação Barra Funda e lá pegamos o ônibus Jardim dos Francos. Descemos na av. Imirim e andamos dois quarteirões até o condomínio onde moram meu primo San que é casado com a Vânia. Iríamos aproveitar o aniversário de minha tia Eurídice para encontrar com parte da familia.
Minha tia Eurídice fez 51 anos com cara e corpinho de 30!!...rsrsrsrsrsrs. Ela é casada com meu tio Nenê, dessa união, originaram 03 filhos: O San, o Erick e a Evelyn...hoje todos casados e com seus filhos. A mais nova aquisição dessa parte da família é a Lívia, que está com 09 meses. Vejam que fofa, dando os primeiros passinhos, sob a guarda do papai coruja, meu primo San, gatíssimo!























San é casado com Vânia, uma loiraça de parar o trânsito! Mas também com um bofe desses, tinha que ter um mulherão, né mesmo? Hehehehehehe...
Erick é casado com Amanda, eles tem dois filhos o Gustavo e a Julia.
Evelyn não é casada, mas tem um filhinho, o Vinicius, um fofo! Deixa eu parar de paparicar esse povo e postar as fotos! Aqui com o Vini e o Gustavo...
Com Vânia e Evelyn na hora da sobremesa...

Erick segurando a Lívia, sendo observado pela Julia com o Gustavo ao fundo...









Embaixo, todos reunidos junto com a Amanda!

E pra finalizar, quero dizer que o almoço foi um suculento Bife à Parmegiana. De sobremesa um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Eu não coloquei fotos aqui pra que vocês não passassem vontade!kkk
Voltamos pra casa, domingo a noite, com aquele sentimento de missão cumprida, cansados, mas com o amor renovado! Como é importante manter os laços com nossos familiares! E pensar que eu fiquei tantos anos longe deles...nada melhor que o tempo para corrigir falhas cometidas no passado!
Deixo aqui esse registro com carinho para todos vocês! Beijo grande e aproveitem a companhia de seus familiares sempre!!!