sexta-feira, 23 de agosto de 2013

O Filhinho da Mamãe

Sem dúvidas, um texto muito difícil de escrever. Não consegui contar um pouco a história de minha mãe, sem deixar de falar da minha história também. Elas se fundem! Apreciem e comentem...
 As primeiras lembranças que tenho, datam de um tempo em que eu nem sabia que ela era minha mãe. Não sei explicar. Quando toda família veio em peso pra São Paulo, na década de 70, liderados por minha mãe; eu e meu irmão éramos cuidados por minha vovó Chica, enquanto minha mãe ia trabalhar! Não sei se isso nos distanciou, já que não tinha pai... Lembro-me pouco de minha mãe, naquela época eu devia ter uns 04 anos . O mais gozado é que eu e meu irmão chamávamos nossa vó de mãe e nossa mãe pelo apelido dela: “Dina”!
A história dela foi a seguinte: Era a quinta filha, a única mulher de cinco irmãos. Desde cedo sofreu sendo criada por uma mãe autoritária e severa, em uma época em que mulher não tinha direito a nada. Herdou da família, o gênio forte, a raça, o orgulho e o destemor! Desbravadora, gostava de arriscar e descobrir coisas novas. 
Tinha uma pele parda, cabelos pretos bem lisos, sorriso farto e dentes perfeitos. Acredito que era uma mistura de índio com negro, por causa dos descendentes de vovó. Não tenho fotos de sua juventude. Já mocinha era sonhadora e demonstrava bom gosto, usando aqueles vestidos rodados da época. 
Conta minha vó, que ela era muito assediada pelos rapazes da época, mas meus tios não deixavam que qualquer um se aproximasse. Então, eu fico imaginando, como deve ter sido difícil para ela, criada por uma mãe tão castradora e por irmãos, tão repressores, eu diria...
O fato é que, em sua primeira viagem a S.Paulo, vigiada e cercada pelos tios Colá, Dezinho e Beto; ela é cortejada por um amigo deles, que aprovaram o namoro. Em pouco tempo, se casou com a ilusão de que conseguiria a sonhada liberdade. O resultado infelizmente foi um casamento desastroso. Foi traída e abandonada com um menino de colo, meu irmão. Retornou para a cidade de Macaúbas, interior da Bahia onde tentou recomeçar sua trajetória. 
Quatro anos depois, conheceu um trabalhador, retirante de outra cidade, que veio pavimentar as ruas; com quem teve um “caso amoroso”. Só que desta vez foi pior, não casou e foi abandonada novamente com uma criança no ventre. Para não ficar difamada, mudou para a cidade vizinha, Boquira, onde teve um menino “alvinho da bunda vermelha”, totalmente diferente de todos os outros membros “cafuzos” da família: “Euzinho”.  
Em seguida teve um romance com um engenheiro de mineração, com o apelido de “Chileno”, não por acaso ele mesmo era do Chile. Devido aos grandes minérios, a cidade recebia estrangeiros grande parte oriundos da America do Sul.
Muitos pensavam que esse “Chileno” era o meu pai, por causa da cor branca. Ele chegou a propor para minha mãe que fosse morar com ele no Chile, mas que deixasse a criança aqui. Ela intempestivamente recusou e o abandonou. Confesso que, toda vez que ouvia esse fato, contado por minha vó, ficava com raiva de minha mãe; deve ter sido a primeira grande burrada que ela fez!
O começo em S.Paulo, eu crescia e recebia atenção de minha vó e do meu tio Beto, especificamente. Lembro-me que foi ele quem me deu o primeiro carrinho.  Eu e meu irmão recebemos o mesmo carinho e atenção. Não sei se por ter sido criado pela minha vó, não chamamos nossa mãe de mãe. È claro que ela sofreu calada. Minha vó me orientava a fazê-lo, mas só aconteceu quando eu tinha 08 anos. Já meu irmão, nunca a reconheceu como mãe. Revoltado ele se enveredou por um caminho tortuoso de rebeldia, fazendo minha mãe sofrer muito. Tempos difíceis: de reclamações na escola, dos vizinhos, furtos, internações em reformatórios, fugas, surras, roubos, prisão e morte.
Acompanhei tudo isso, vendo o sofrimento dela, sendo seu fiel escudeiro, tentando ser o oposto do meu irmão. 
Lembro-me de muitos pretendentes a “papai”, mas nenhum aprovado para o cargo. Na semana em que completaria 09 anos, pisei em um prego e furei o pé. Tomei vacina e comemorei sentado na mesa, comendo bolo de chocolate, preparado por minha mãe. Que na época namorava um pernambucano alto, forte, belo e educado. Torcia para que ela ficasse com ele. Mas ele não me queria por perto e mais uma vez, ela se decidiu por mim, cometendo seu segundo erro. Coitada, fez inúmeras tentativas para me dar um pai e todas fracassaram, vai entender as coisas do destino. Contrapondo com tudo isso, ela arrasava nos doces e salgados. Cozinheira de mão cheia aprendeu tudo sozinha, pois não sabia ler nem escrever.  Aprendeu vendo os outros fazerem ou assistindo pela televisão! 
 Posso dizer que nunca faltaram guloseimas e gostosuras em casa, apesar do dinheiro raro e curto! Nunca senti falta de comida e educação. Seu cuidado para comigo era irritante! Tinha medo que eu seguisse o mesmo caminho do meu irmão. Em virtude disso, recebia atenção dobrada, cuidados excessivos. Mimado, reservado, não brincava com os outros meninos na rua. Ficava sempre preso na barra de sua saia, seguro num “cabresto invisível”. Fazia de tudo para que eu estudasse, me formasse e fosse alguém na vida.  Minhas funções eram: cuidar da casa e estudar. Depois passei a acompanha-la indo para o trabalho. Sua vida toda foi isso, trabalhar, “faxinar”, cozinhar. Nunca a vi com amigas ou recebendo visitas em casa. Era fechada, como se não tivesse mais alegria para conviver ou compartilhar sua vida, com outras pessoas. Estava sempre querendo fazer algo pela família. 
 Minha família sempre foi estranha nas relações, briguenta e distante. Só nos reuníamos em data especificas e nas festivas, mamãe sempre fazia o prato principal e a sobremesa.  Essa cena resume bem o que foi minha mãe, trabalhar e cozinhar foram seus lemas. Além de se preocupar comigo!
Entre preocupações, cuidados e inseguranças, ela, orientada por uma “grande patroa e amiga” decidiu me colocar na “Marinha”, quando eu tinha 16 anos. Foi nossa primeira separação, eu achava que seria bom, foi muito pior. Colocado em um quartel com mais de 300 meninos, foram inúmeras sensações de vazio, insegurança e temores. Não aguentei e quase 01 ano depois, pedi para ser dispensado, provocando a primeira grande decepção para minha mãe. 
Ao retornar, o mundo já tinha outra imagem dentro de mim. Não me sentia bem morando com minha mãe e surgiram as primeiras grandes discussões. Eu tinha vergonha por ela não saber ler, nem escrever. Brigávamos muito por isso. Diversas vezes tentei ajudá-la. Comprei um caderno de caligrafia, sentamos juntos, líamos juntos, procurava de alguma forma ajudar, sem saber ao certo o que fazer! No ano seguinte tive que me alistar no “Exército” e acabei servindo. Foram 09 meses de revoltas, desacatos, infrações, punições e finalmente quando fui expulso, causei a segunda grande decepção em minha mãe.
Confuso e perdido, decidimos que seria melhor que eu fosse tentar me encontrar em outra cidade. Então com 20 anos, me separei de minha mãe pela segunda vez.
Essa foi a grande virada em minha vida. Ficamos longe um do outro durante 03 anos, quando ela descobriu que eu estava morando com outro homem. Pra ela era inadmissível. Saiu de S.Paulo e chegou de surpresa em Salvador e ficamos morando juntos por 03 meses. Ela fazia bolos e vendia na Lanchonete da esquina!  Eu trabalhava no Bradesco e pedi transferência para a cidade de Vitória da Conquista, aluguei uma casa e moramos lá durante 09 meses. Tentamos uma nova empreitava em Conquista; trabalhava no banco, jogava bola com meus colegas e namorava garotas. A vida seguia "normal" até ela descobrir que eu estava fumando maconha e andando com “más companhias”. Foi a terceira separação. Desta vez mais longa, ficamos 04 anos sem nos falar! Nesse tempo todo, eu mandava pouco dinheiro para ela, que se virava sozinha, trabalhando, de faxineira e cozinheira!
Retornei com 27 anos, com uma grande vontade de “mudar nossa história”, passando por problemas existenciais, me encontrei em uma igreja evangélica. Isso causou resistências  por parte de minha mãe, que sempre foi agnóstica.
Nossa reaproximação foi cheia de ressentimentos, mágoas e doenças. Já cansada e sofrida, recebeu diagnóstico de “câncer”; ficamos “sem chão”, sem preparo e nenhuma informação, lutamos juntos contra a doença. Tempos de perdão, de reconciliação e de verdades. 
Todos os dias ia visitá-la e tentávamos conversar de forma amigável. Tentei recuperar o tempo perdido, mas não consegui, sinto que faltou algo, que poderia ter feito diferente. Numa manhã fria de junho de 1990, com 55 anos, ela faleceu sozinha num leito de hospital. Na época eu tinha 30 anos. Quando cheguei para visitá-la,  vi seu corpo inerte na cama, me aproximei e sua expressão com os olhos abertos, foi a última imagem que ficou gravada em minha mente e senti uma dor tão profunda que até hoje ainda dói, toda vez que penso nela, agora mesmo escrevendo essas mal traçadas linhas. 
O sentimento de culpa, muitas vezes me trouxe pesadelos aprisionantes.
Hoje tento guardar as coisas boas que ela deixou em mim! 
Mas isso... é uma outra história...

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Me chamem de Velho

Resolvi postar este texto porque quando eu fiz 40 anos, comecei a sentir o peso da velhice. Mas hoje depois que passei dos 50, sinto-me totalmente à vontade pra falar sobre o assunto. Alias não poderia estar no melhor momento de minha vida! Não ganhei na loteria, continuo assalariado e não tenho carro... Mas me sinto tão forte espiritualmente e mentalmente! Mais equilibrado, paciente e conservo a mesma criança dentro de mim. 
A velhice sofreu uma cirurgia plástica na linguagem....
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ELIANE BRUM Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e
internacionais de reportagem. É autora de um romance - Uma Duas (LeYa) - e de três livros de reportagem: Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém  Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) O Olho da Rua (Globo).
E codiretora de dois documentários: Uma História Severina e Gretchen Filme Estrada.
elianebrum@uol.com.br // @brumelianebrum 

Na semana passada, sugeri a uma pessoa próxima que trocasse a palavra “idosas” por “velhas” em um texto. E fui informada de que era impossível, porque as pessoas sobre as quais ela escrevia se recusavam a ser chamadas de “velhas”: só aceitavam ser “idosas”.  Pensei: “roubaram a velhice”.  As palavras escolhidas – e mais ainda as que escapam – dizem muito, como Freud já nos alertou há mais de um século. Se testemunharmos uma epidemia de cirurgias plásticas na tentativa da juventude para sempre (até a morte), é óbvio esperar que a língua seja atingida pela mesma ânsia. Acho que “idoso” é uma palavra “fotoshopada” – ou talvez um lifting completo na palavra “velho”. E saio aqui em defesa do “velho” – a palavra e o ser/estar de um tempo que, se tivermos sorte, chegará para todos.

Desde que a juventude virou não mais uma fase da vida, mas uma vida inteira, temos convivido com essas tentativas de tungar a velhice também no idioma. Vale tudo. Asilo virou casa de repouso, como se isso mudasse o significado do que é estar apartado do mundo. Velhice virou terceira idade e, a pior de todas, “melhor idade”. Tenho anunciado a amigos e familiares que, se alguém me disser, em um futuro não tão distante, que estou na “melhor idade”, vou romper meu pacto pessoal de não violência. O mesmo vale para o primeiro que ousar falar comigo no diminutivo, como se eu tivesse voltado a ser criança. Insuportável.

A velhice é o que é. É o que é para cada um, mas é o que é para todos, também. Ser velho é estar perto da morte. E essa é uma experiência dura, duríssima até, mas também profunda. Negá-la é não só inútil como uma escolha que nos rouba alguma coisa de vital. Semanas atrás, em um programa de TV, o entrevistador me perguntou sobre a morte. E eu disse que queria viver a minha morte. Ele talvez não tenha entendido, porque afirmou: “Você não quer morrer”. E eu insisti na resposta: “Eu quero viver a minha morte”.

Na adolescência, eu acalentava a sincera esperança de que algum vampiro achasse o meu pescoço interessante o suficiente para me garantir a imortalidade. Mas acabei aceitando que vampiros não existem, embora circulem muitos chupadores de sangue por aí. Isso só para dizer que é claro que, se pudesse escolher, eu não morreria. Mas essa é uma obviedade que não nos leva a lugar algum.  Que ninguém quer morrer, todo mundo sabe. Mas negar o inevitável serve apenas para engordar o nosso medo sem que aprendamos nada que valha a pena.
  
A morte tem sido roubada de nós. E tenho tomado providências para que a minha não seja apartada de mim. A vida é incontrolável e posso morrer de repente. Mas há uma chance razoável de que eu morra numa cama e, nesse caso, tudo o que eu espero da medicina é que amenize a minha dor. Cada um sabe do tamanho de sua tragédia, então esse é apenas o meu querer, sem a pretensão de que a minha escolha seja melhor que a dos outros. Mas eu gostaria de estar consciente, sem dor e sem tubos, porque o morrer será minha última experiência vivida. Acharia frustrante perder esse derradeiro conhecimento sobre a existência humana. Minha última chance de ser curiosa.

Há uma bela expressão que precisamos resgatar, cujo autor não consegui localizar: “A morte não é o contrário da vida. A morte é o contrário do nascimento. A vida não tem contrários”. A vida, portanto, inclui a morte. Por que falo da morte aqui nesse texto? Porque a mesma lógica que nos roubou a morte sequestrou a velhice. A velhice nos lembra da proximidade do fim, portanto acharam por bem eliminá-la. Numa sociedade em que a juventude é não uma fase da vida, mas um valor, envelhecer é perder valor.  Os eufemismos são a expressão dessa desvalorização na linguagem.

Não, eu não sou velho. Sou idoso. Não, eu não moro num asilo. Mas numa casa de repouso. Não, eu não estou na velhice. Faço parte da melhor idade. Tenho muito medo dos eufemismos, porque eles soam bem intencionados. São os bonitinhos mas ordinários da língua.  O que fazem é arrancar o conteúdo das letras que expressam a nossa vida. Justo quando as pessoas têm mais experiências e mais o que dizer, a sociedade tenta confiná-las e esvaziá-las também no idioma.

Chamar de idoso aquele que viveu mais é arrancar seus dentes na linguagem. Velho é uma palavra com caninos afiados – idoso é uma palavra banguela. Velho é letra forte. Idoso é fisicamente débil, palavra que diz de um corpo, não de um espírito. Idoso fala de uma condição efêmera, velho reivindica memória acumulada. Idoso pode ser apenas “ido”, aquele que já foi. Velho é – e está.  Alguém vê um Boris Schnaiderman, uma Fernanda Montenegro e até um Fernando Henrique Cardoso como idosos? Ou um Clint Eastwood? Não. Eles são velhos.

Idoso e palavras afins representam a domesticação da velhice pela língua, a domesticação que já se dá no lugar destinado a eles numa sociedade em que, como disse alguém, “nasce-se adolescente e morre-se adolescente”, mesmo que com 90 anos. Idosos são incômodos porque usam fraldas ou precisam de ajuda para andar. Velhos incomodam com suas ideias, mesmo que usem fraldas e precisem de ajuda para andar. Acredita-se que idosos necessitam de recreacionistas. Acredito que velhos desejam as recreacionistas. Idosos morrem de desistência, velhos morrem porque não desistiram de viver.

Basta evocar a literatura para perceber a diferença. Alguém leria um livro chamado “O idoso e o mar”?  Não. Como idoso o pescador não lutaria com aquele peixe. Imagine então essa obra-prima de Guimarães Rosa, do conto “Fita Verde no Cabelo”, submetida ao termo “idoso”: “Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam...”.

Velho é uma conquista. Idoso é uma rendição.

Como em 2012 passei a estar mais perto dos 50 do que dos 40, já começo a ouvir sobre mim mesma um outro tipo de bobagem.  O tal do “espírito jovem”. Envelhecer não é fácil. Longe disso. Ainda estou me acostumando a ser chamado de senhor sem olhar para os lados para descobrir com quem estão falando.  Mas se existe algo bom em envelhecer, como já disse em uma coluna anterior, é o “espírito velho”. Esse é grande.

Vem com toda a trajetória e é cumulativo. Sei muito mais do que sabia antes, o que significa que sei muito menos do que achava que sabia aos 20 e aos 30. Sou consciente de que tudo – fama ou fracasso – é efêmero. Me apavoro bem menos. Não embarco em qualquer papinho mole. Me estatelei de cara no chão um número de vezes suficiente para saber que acabo me levantando. Tento conviver bem com as minhas marcas. Conheço cada vez mais os meus limites e tenho me batido para aceitá-los.

 Continua doendo bastante, mas consigo lidar melhor com as minhas perdas. Troco com mais frequência o drama pelo humor nos “comezinhos do cotidiano”. Mantenho as memórias que me importam e jogo os entulhos fora. Torço para que as pessoas que amo envelheçam porque elas ficam menos vaidosas e mais divertidas. E espero que tenha tempo para envelhecer muito mais o meu espírito, porque ainda sofro à toa e tenho umas “cracas” grudadas à minha alma das quais preciso me livrar porque não me pertencem. Espero chegar aos 80 mais interessante, intenso e engraçado do que sou hoje.

Envelhecer o espírito é engrandecê-lo. Alargá-lo com experiências. Apalpar o tamanho cada vez maior do que não sabemos. Só somos sábios na juventude. Como disse Oscar Wilde, “não sou jovem o suficiente para saber tudo”. Na velhice havemos de ser ignorantes, fascinados pelas dimensões cada vez mais superlativas do que desconhecemos e queremos buscar.  É essa a conquista. Espírito jovem? Nem tentem.

Acho que devíamos nos rebelar. E não permitir que nos roubem nem a velhice nem a morte, não deixar que nos reduzam a palavras bobas, à cosmética da linguagem. Nem consentir que calem o que temos a dizer e a viver nessa fase da vida que, se não chegou, ainda chegará. Pode parecer uma besteira, mas eu cometo minha pequena subversão jamais escrevendo a palavra “idoso”, “terceira idade” e afins. 

(Eliane Brum escreve às segundas-feiras.) 
ELIANE BRUM - 20/02/2012 10h47 - Atualizado em 20/02/2012 10h48

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Visitando familiares!!

Tudo estava preparado pra ser um maravilhoso final de semana. Fiz a bagagem de mão caprichada, levei meus acessórios, pronto para qualquer imprevisto; como todo bom mochileiro! Saímos cedo de casa para evitar imprevistos. Pegamos o "busão" e cumprimos a primeira etapa da viagem de forma rápida e tranquila. Afinal era sabadão e o tempo estava meio morno. Estrada livre e segura! Na segunda etapa a coisa começou com imprevistos. Pegamos o trem com destino à Mogi das Cruzes, onde iríamos visitar minha "afilhada" doutora Barbara Machado! Aspas para falar um tiquinho dessa "guria"! Eu cuidei dela bem "pituquinha" aos 02 anos, depois com 04 e 06 anos, lá no interior da Bahia. Garotinha esperta, de temperamento forte como o pai e geniosa como a mãe. Já dava pra explicar o que viria pela frente: obstinada, decidida e firme! Aquela menininha, passou no "ProUni" e ganhou bolsa de 100% para fazer Medicina numa das melhores universidades do país! Há 05 anos atrás saiu lá do interior da Bahia, pela primeira vez pisou em solo paulista; sozinha e com uma mala que era maior do que ela! E essa menina, hoje uma mulher com 24 anos, mais segura, mais forte, no penúltimo ano de se formar em uma medica promissora neste nosso país tão carente de médicos! Então, eu cheio de orgulho, estou indo visitar minha "quase filha".
Mas vamos aos acontecimentos! Pegamos o trem na estação Tatuapé em direção a Guaianazes, onde teríamos que forçadamente fazer uma baldeação e pegar outro trem direto pra Mogi. O trem começou na maior lentidão e o condutor informa no auto falante que "devido a obras de manutenção na linha, este trem está operando com velocidade reduzida". Pronto, lá se foi nossa pontualidade! Depois de quase uma hora de viagem, chegamos a Guaianazes. Pense numa estação abarrotada de gente! Ninguém sabia informar com exatidão de onde sairia o trem pra Mogi. Pergunta daqui e dali e nada! De repente, vem o aviso da Central: "Por motivos de segurança os trens para Mogi estão operando com intervalos de 40 minutos". Inacreditável!! Sabe o que é pior? É ver toda aquela gente socada nas plataformas e ninguém nem aí com a hora do Brasil; como se nada estivesse acontecendo! Um horror! Não, mas horror mesmo, foi quando o dito cujo chegou e aí meu amigo, pernas pra quem te quer! Um vuco-vuco digno de uma reportagem do "Datena"...Depois de disputar no empurra-empurra com um tiozinho que carregava sua carroça de vendedor, finalmente consegui um lugarzinho ao lado da porta. Achando que ali estaria seguro, pois não havia mais nenhum espaço. Tentei respirar mas não consegui terminar, pois no último instante em que a porta ia fechar, vem corrento um rapaz alto, claro, forte, bem vestido; e se joga com tudo pra cima de mim, praticamente colando seu corpo ao meu! Ainda bem que ele tava cheiroso... Ai minha santinha do pau oco, me segura! Eu não sabia se lutava ou se agarrava o "tal desconhecido"; que com todo cuidado tentava não colar seu corpo ao meu. Coisas de trem lotado, vocês devem imaginar, claro! Bom, nada demais aconteceu; a não ser o fato que segui a viagem toda, espremido como uma sardinha em lata!
Finalmente chegamos vivo em Mogi e encontramos com Barbara, que nos recebeu uma "Bohemia" gelada! Almoçamos, fofocamos, colocamos os papos em dia e tiramos fotos! No retorno, todo aquele sufoco dobrado e com requintes de masoquismo com "crianças sendo amassadas" e "bebês quase esmagados" pela turma enlouquecida daquela gentalha se matando pra conseguir um lugarzinho pra sentar! Oh dó!...
Depois descemos no Tatuapé e pegamos o ônibus pra casa da Juju. Aspas pra falar dessa mulher, guerreira, autossuficiente, dominadora, amiga fiel e parceira!

 Conheci Juliana em 1995, quando fui fazer uma entrevista para telemarketing; foi identificação à primeira vista! Trabalhamos juntos por aproximadamente 06 anos, sempre no telemarketing; até que mudei de área, fui pra hotelaria e ela continuou no telemarketing até recentemente, quando foi demitida do jornal "Folha da Tarde". Encontrei-a nesse clima de demissão, pois eu não sabia do ocorrido. Tínhamos nos falado bem pouco ultimamente; coisas de quem muda pro interior... Mas a Juju sempre foi uma pessoa pra cima e nunca se deixou abater. Conversamos bastante, depois jogamos "tranca" até de madrugada, ao lado de sua mãe e de sua irmã, que são grandes hospitaleiras e excelentes jogadoras. Nos divertimos à beça! Dormimos como anjos, bem aquecidos no quarto de hospedes. Na manhã seguinte quando acordamos, um belo café da manhã nos esperava. Fazia um friozinho, tipicamente paulista. Pegamos estrada novamente, desta vez de metrô até a estação Barra Funda e lá pegamos o ônibus Jardim dos Francos. Descemos na av. Imirim e andamos dois quarteirões até o condomínio onde moram meu primo San que é casado com a Vânia. Iríamos aproveitar o aniversário de minha tia Eurídice para encontrar com parte da familia.
Minha tia Eurídice fez 51 anos com cara e corpinho de 30!!...rsrsrsrsrsrs. Ela é casada com meu tio Nenê, dessa união, originaram 03 filhos: O San, o Erick e a Evelyn...hoje todos casados e com seus filhos. A mais nova aquisição dessa parte da família é a Lívia, que está com 09 meses. Vejam que fofa, dando os primeiros passinhos, sob a guarda do papai coruja, meu primo San, gatíssimo!























San é casado com Vânia, uma loiraça de parar o trânsito! Mas também com um bofe desses, tinha que ter um mulherão, né mesmo? Hehehehehehe...
Erick é casado com Amanda, eles tem dois filhos o Gustavo e a Julia.
Evelyn não é casada, mas tem um filhinho, o Vinicius, um fofo! Deixa eu parar de paparicar esse povo e postar as fotos! Aqui com o Vini e o Gustavo...
Com Vânia e Evelyn na hora da sobremesa...

Erick segurando a Lívia, sendo observado pela Julia com o Gustavo ao fundo...









Embaixo, todos reunidos junto com a Amanda!

E pra finalizar, quero dizer que o almoço foi um suculento Bife à Parmegiana. De sobremesa um bolo de cenoura com cobertura de chocolate. Eu não coloquei fotos aqui pra que vocês não passassem vontade!kkk
Voltamos pra casa, domingo a noite, com aquele sentimento de missão cumprida, cansados, mas com o amor renovado! Como é importante manter os laços com nossos familiares! E pensar que eu fiquei tantos anos longe deles...nada melhor que o tempo para corrigir falhas cometidas no passado!
Deixo aqui esse registro com carinho para todos vocês! Beijo grande e aproveitem a companhia de seus familiares sempre!!!